Por Cindhi Belafonte 

Telejornalismo nunca foi a minha praia. Definitivamente! Luzes, câmeras, microfones, maquiagem especial, ter os movimentos controlados pela lente de uma câmera que, inevitavelmente, registra os piores momentos. De horas e horas de filmagem, nada mais se aproveita além de alguns, poucos, minutos. É muito desgaste para “15 segundos de fama”.

Sou dos bastidores, do off, da produção, do “atrás das câmeras”. Gosto de contatar fontes, agendar entrevistas, cuidar do processo, selecionar imagens, editar texto, avaliar a iluminação, preparar o TP. Não sou apaixonada pelo telejornalismo, mas me identifico com todas as etapas que não envolvam a divulgação da imagem.

Entretanto, isso aparentemente, não fez diferença. Recebi a notícia, em tom irrevogavelmente sentencial de que eu – justo eu, que não gosto de aparecer – seria a repórter do primeiro telejornal. “Ao trabalho, que remédio?!”.

Ainda se fosse só a exibição da imagem, tudo bem... não há pânico que seja incontrolável, mas como conciliar a aversão às câmeras com o trabalho de participar da produção? Reformular pauta, analisar agenda, marcar entrevistas, redigir o texto, decorar a passagem, acertar o tom – e a fala – tranquilizar o entrevistado. Nada fácil para alguém que cultiva o apreço pelo impresso.

Se eu pudesse definir o telejornalismo, eu diria: esgotamento! Dizem que, no final, dá tudo certo. Não posso negar, de uma forma ou de outra, tudo deu certo, mas eu reafirmo: a paixão e o desejo pelo impresso permanecem. Cada vez com mais intensidade.