Por Felipe Saldanha

A pauta foi escrita e aprovada. Confere. O entrevistado foi contatado com antecedência e compareceu no horário marcado. Confere. O vídeo deu certo e o áudio ficou bom. Confere. As notas e o script foram produzidos. Confere. Não falta mais nada. Ou melhor, quase nada. Ainda é preciso gravar o telejornal.

O último episódio da saga começa às 13 horas na copiadora do bloco 5O, com a impressão do script. A sensação de culpa de deixar para a última hora até passa, quando percebo vários colegas na fila fazendo a mesma coisa. Aproveito para conferir os trabalhos alheios e tenho um mini-surto de pânico: “eram seis matérias, não quatro??” Sorte que os colegas são solidários e emprestam suas matérias para xerocar.

A capa que carrego nas costas esconde o traje formal que vestirei daqui a pouco. A colega ao lado também vai levando o blazer no cabide. Brinco com ela que este é o único momento em que o jornalista sente glamour na profissão. Momento este que as meninas aproveitam bem, como comprovo ao chegar ao 1S e vê-las produzidas, maquiadas, lindas. Mas peraí... não eram só quatro apresentadoras?

Mal pisei no bloco, já correram para pegar o script comigo e eis que surgem com a maquiagem. Não adianta resistir: quando vejo já consertaram meu rosto (ou tentaram). Terno vestido, sigo para o estúdio e começamos a treinar a leitura no TP. “Nany People se apresenta esta tarde no Teatro Rondon Pacheco...” “Mais feliz, Felipe”, interrompe a professora, “afinal é a Nany People!”

Feito o aquecimento, começam as gravações para valer. Apresento as primeiras chamadas sem problemas, mas quando entra o primeiro vídeo, me advertem: “Seu ombro é torto?” Corrigida a postura lamentável, consigo terminar a apresentação.

Finalmente, quando assistimos aos telejornais na aula seguinte, nosso grupo percebe que fez um ótimo trabalho. A primeira experiência foi até bem divertida, mas confesso: este penteado não convence em um âncora...

(Deu para reparar no ombro torto?)