Por Aline de Sá


São onze e trinta da manhã.

Entre pessoas que saem de aulas e vão para almoço, aqui estou com um microfone na mão, olhando para o cinegrafista e esperando, sem qualquer animação, minha entrevistada... a primeira!

Na cabeça o único pensamento é "quem diria que viver ia dar N-I-S-S-O?". Roupas e sapatos que nunca imaginei que iria usar, cabelo esticado graças a chapinha nossa de cada dia e um make-up que revela o ar (quase) jornalístico. Sim, essa é uma Aline que eu não conhecia...

Olho para a minha equipe. Um produtor de colete e muitos contatos, um editor de texto que deveria viver em uma bancada, uma apresentadora que nasceu para apresentar e ... eu. Eu que sempre quis o tal jornalismo como profissão e paixão, travada, estática e me perguntando cem vezes cem: "quem diria que viver ia dar N-I-S-S-O?".

Texto decorado, visual propício, câmeras a postos. Eis que ela chega. Ela doutora, eu estudante. Ela profissional e eu aspirante a uma coisa que nem sei o que é. Cumprimentos, apresentação da pauta e começa a gravação.

Meio dia. Inacreditavelmente, tudo flui da melhor maneira possível. Sem erros, receios, troca de sílabas (ou síbalas?)...

Agradeço a entrevistada e retiro toneladas das minhas costas. Enfim, livre. Nem doeu, mas o pensamento, agora positivo, persiste: "quem diria que viver ia dar N-I-S-S-O?".